top of page

Antes de Orar...

Por Eduardo Feldberg - Dezembro/2009

 

Com algum tempo de cristianismo, posso afirmar que, com a Graça de Deus, ainda não sei tudo, mas já aprendi muita coisa relacionada às diversas áreas do cristianismo e da vida em geral, e neste artigo quero discorrer sobre um destes aprendizados que considero importante termos em mente antes de fazermos nossas orações, intercessões e clamores. Trata-se do conhecimento convicto a respeito de três pessoas envolvidas neste sublime momento de comunhão com Deus:

 

  • Nós, os “Remetentes”;

  • Diabo, o “Bandido”;

  • Deus, o “Destinatário”.

 

Entendo que saber “quem somos”, “quem Deus é” e “quem é o Diabo” será algo muito importante e benéfico para nós, antes de iniciarmos o espiritual momento da oração. É bom sabermos quem somos, o que temos, o que somos, o que podemos e o que precisamos. Por outro lado, é bom sabermos contra quem lutamos, conhecer nosso adversário, que avidamente tenta impedir que nossas orações se cumpram, sabendo quem ele é, e o que ele pode fazer, dentro dos limites a ele pré-estabelecidos. Por fim, é valiosíssimo sabermos quem é o “receptor” das nossas orações. Com quem estamos falando, o que Ele pode fazer por nós, qual é o tamanho do seu poder, e por aí vai.

 

Penso que grande parte das informações abaixo já é de conhecimento da maioria dos oradores, porém muitas vezes nossas orações podem não ter efeito, ou não ter um efeito maior, por não levarmos em conta estas informações. Citarei alguns exemplos para elucidar o que digo:

 

 

  • Seu eu não souber exatamente quem sou, superestimando-me, por exemplo, minha oração pode soar muito prepotente, e assim, jamais será atendida!

 

  • Se eu não tiver noção de quem é o meu adversário, posso correr riscos, não levando em conta o poder que ele tem, e não me precavendo contra seus ataques contra a minha pessoa.

 

  • Se eu não tiver noção de quem é o meu Deus, e de Seu amor e poder, minha oração pode soar sem fé, por estar aliada a um conhecimento pequeno acerca do Senhor.

 

 

Creio que se tivermos uma boa noção de quem somos, quem Deus é, e quem é o Diabo, poderemos crer mais em nossa própria oração, aliando até mesmo mais poder e efeito a ela. Vou começar escrevendo sobre nós, eu e você, afinal, a despeito de comportamentos, características e temperamentos desiguais, somos essencialmente humanos, portanto no que pretendo me apegar (humanidade), somos iguais. Vamos analisar informações que nos impedirão de nos superestimarmos e também de nos subestimarmos. Em seguida, escreverei a respeito do Diabo. Não quero engrandecê-lo, porém tampouco menosprezar seu poder. Por último, falarei sobre nosso Deus. Ah... Como é bom refletir sobre quem Ele é! Ele é grandioso! Juntos, veremos isso.

 

Sem mais delongas, segue o objetivo deste artigo:

 

FAZER COM QUE, ANTES DE ORARMOS, TRAGAMOS À MEMÓRIA QUEM SOMOS, QUEM O DIABO É E QUEM DEUS É, POIS NUMA ORAÇÃO, ESTAS CONVICÇÕES PODEM FORTALECER NOSSA FÉ, NOSSA MENTE E NOSSO ESPÍRITO.

 

 

Observação 01: Escrevi o texto em primeira pessoa do plural, supondo que você, leitor, é um cristão lavado e remido pelo sangue de Jesus Cristo.

 

Observação 02: Obviamente uma criança, ou um novo convertido que não tem conhecimento a respeito das coisas espirituais poderá fazer uma oração super simples, e ver um efeito tremendo. Diversas vezes, direi abaixo que “devemos” saber, “precisamos” conhecer, mas tenho plena consciência de que Deus pode responder e intervir em resposta a qualquer prece, mas creio que as informações abaixo só tendem a melhorar nossa vida de oração. Creio que preces “infantis” podem muitas vezes ter mais efeito que uma oração pomposa e eloqüente (e muitas vezes são muito mais sinceras!), mas isso não justificativa a acomodação, ao invés de se buscar o conhecimento da Palavra de Deus, que nos revela diversos conselhos, tanto para aquisição de conhecimento quanto para aquisição de mais poder, autoridade e unção em nossas orações.

 

 

 

EU

 

Antes de iniciar uma oração, devemos nos lembrar de quem somos. Se nos exaltarmos demais, nossa oração soará altiva, vangloriosa, arrogante, e pode “não passar do teto” de nosso cômodo. (Lucas 18.14) Em contrapartida, se pensarmos que somos os mais desgraçados, vis e desprezíveis dos homens, poderemos perder a ousadia e a fé que devem acompanhar a oração, o que fará com que ela não seja atendida. (Efésios 3.12; Hebreus 10.19; Tiago 1.6)

 

 

Há algum tempo, li a respeito de duas artimanhas que o Inimigo tem para tentar nos derrotar:

 

  1. Fazer-nos pensar que somos demasiadamente bons

  2. Fazer-nos pensar que somos demasiadamente ruins

 

 

Devemos ter uma visão equilibrada a nosso respeito (Romanos 12.3), sempre pautada nas qualificações descritas na Palavra de Deus, e são estas qualificações que analisaremos agora.

 

 

1) Somos Pecadores – Esta é uma convicção indispensável ao orador. Somos pecadores. (1 João 1.8; Romanos 3.23) Temos falhas, defeitos e precisamos melhorar. Não somos merecedores de nada por nós mesmos. Por Jesus, até podemos receber algo (e recebemos muito!), mas por nós mesmos, seriamos merecedores tão somente do inferno. (Romanos 6.23) Parafraseando Jonathan Edwards, “somos como um vermezinho suspenso a poucos centímetros do fogo do inferno por uma tênue teia, que está dum lado presa a nossas mãos, e doutro, sustentada pelas mãos de misericórdia de Deus”.

 

Me agrada a sinceridade do Apóstolo Paulo, quando diz na carta aos romanos que sabia ser um homem miserável, muitas vezes vencido pelo pecado. (Romanos 7.18-24) Pouco se confessa isso hoje em dia. Vemos muitos anúncios de “Grandes Homens de Deus”, e não mais de “Pequenos Servos do Grande Deus”. Houve uma inversão nos termos. Paulo sabia de sua condição. Quando precisava usar de sua autoridade e experiência, usava, mas sempre cônscio de sua pequenez para com Deus, e considerando-se inferior ao próximo (Filipenses 2.3). Há crentes que se engrandecem demais numa oração. Pensam ser “alguma coisa” por si mesma. Atraem glórias e conquistas para si. Méritos, honrarias. Louvam-se com seus próprios lábios, egolatrando-se e quebrando assim diversos preceitos bíblicos. (Provérbios 27.2) O resultado será sempre a não justificação, pois não houve espaço para Deus nesta oração, como na do fariseu de Lucas 18.

 

2) Dependemos da Graça de Deus – Como pecadores miseráveis que somos, carecemos totalmente da Graça e Misericórdia de Deus. Nosso Rei não nos atenderá porque merecemos ou porque tem a obrigação de nos dar o que pedimos, mas simplesmente porque nossa condição, comportamento e atitude encontraram graça aos Seus olhos, de forma que Ele resolveu nos recompensar. (Êxodo 33.13) Não será feito o que nós queremos, mas o que Ele quer. Até mesmo a resposta dada pela vontade permissiva de Deus é decidida por Ele. Não é feito no nosso tempo, mas no d’Ele. Não é feito da nossa maneira, mas da maneira d’Ele. Hoje em dia se confunde “fé em Deus” com “autoridade sobre Ele”. Têm dito:

 

- Eu creio que Ele fará, então determino esta petição! Eu a estabeleço e exijo a vitória!

 

Quanta ignorância. Como disse, fé em Sua Palavra não nos dá direito, muito menos autoridade para manipular o Criador do Universo. Um pai não gostaria de receber ordens de seu filho, só porque lhe prometeu dar um brinquedo, mas algumas pessoas pensam que Deus pode ser manipulado assim. Precisamos entender que mesmo que o Senhor tenha nos prometido algo, devemos prosseguimos dependendo de Sua Graça, e creio que nossa má conduta pode anular ou atrasar nossa bênção. (Hebreus 10.36) Lembram-se dos versículos traduzidos por “Deus se arrependeu”? Estes versículos nos mostram que Deus pode desfazer uma situação ou promessa, de acordo com o contexto e com as nossas ações. (Jeremias 18.9) Não se trata de arrependimento como nós, ocidentais, entendemos, mas de uma mudança de nossa própria parte que reflete numa alteração de juízo da parte de Deus.

 

De qualquer forma, precisamos da misericórdia de Deus para sermos atendidos. Gosto do versículo seis de Hebreus 11, que diz que devemos crer que Deus nos recompensará. Porém, sei que Ele nos recompensará porque Ele é Bom, e não porque nós somos bons. Sei que Ele nos recompensará, pois Ele é fiel, a despeito de nossa muitas vezes contínua infidelidade. (2 Timóteo 2.13) Nos galardoará, pois tem prazer em nos abençoar, e não em nos obedecer. Nós precisamos d’Ele, de Sua misericórdia e Graça, e precisamos demonstrar humildade para sermos abençoados por Ele. (Salmos 141.1)

 

3) Somos Filho de Deus – Deus nos amou enquanto ainda éramos pecadores (Romanos 5.8), mesmo sabendo que continuaríamos sendo pecadores. Ele tanto nos amou que nos deu o privilégio de sermos chamados de Filhos de Deus. (1 João 3.1) Quantas vezes já lemos ou ouvimos a respeito disso, mas quão poucas vezes refletimos sobre a profundidade dessa honra nominal e experimental. Nós somos Filhos de Deus! Deus é nosso Pai! Incrível! Somos filhos do Ser mais poderoso do Universo. Mesmo sendo imerecedores, Ele fez questão de nos adotar e nos registrar no “Cartório Celestial” como “Filhos do Rei”, tornando-nos assim herdeiros do Senhor dos Senhores. (Romanos 8.17) O que é d’Ele pode ser nosso!

 

Passamos a ter características d’Ele a partir do momento em que O aceitamos em nossa vida, e ganhamos privilégios filiais. Ao mesmo tempo em que somos o vermezinho de Jacó (Isaías 41.14), somos filhos legítimos do Rei dos Reis. (Hebreus 12.8) Somos pecadores carentes da graça de Deus, mas ao mesmo tempo não devemos nos considerar um lixo, pois somos agora templo do Espírito Santo. (1 Coríntios 3.16) Fomos comprados pelo sangue do homem mais puro e perfeito que já pisou nesta terra, ou melhor, do único homem puro e perfeito que já pisou aqui. Comprados pelo sangue do próprio Deus, que se fez homem para nos ter em Sua família. É importante compreender que o fato de sermos Seus filhos não anula em hipótese alguma nossa dependência de Sua Graça e Misericórdia. Somos seres falíveis, com composição menor que a dos anjos (Hebreus 2.7), portanto devemos saber nossas grandezas adquiridas, mas também nossas fraquezas inatas. Saber quem somos e o nosso valor. Como diriam Abraão e Maximus Decimus Meridius, somos “pó e cinzas”. (Gênesis 18.27) Pequenos vasos de barro, porém cheios do que há de mais precioso nesta terra (2 Coríntios 4.7), e lavados pelo elemento mais poderoso do universo. Estes somos nós, cristãos.

 

4) Temos autoridade para vencer o Maligno! Sendo filhos de Deus, temos poder, em Seu nome, para vencer o Reino das Trevas. Na verdade, já o vencemos! (1 João 2.13) Foi-nos dado por Jesus Cristo poder para pisar serpentes e escorpiões, ou seja, toda hoste do mal, e sairmos vitoriosos (Lucas 10.19). Não devemos temer! Quando expulsarmos demônios em nome do Senhor, eles serão expulsos! (Marcos 16.17) Na Palavra, lemos que Cristo, sendo a Cabeça da Igreja, sujeitou todas as coisas a seus pés (Efésios 1.21,22), e se nós somos Seu corpo, podemos crer que estes seres também estão debaixo dos nossos pés, ou seja, da Igreja de Cristo.

 

Com o inimigo, está o braço do homem, o braço de demônios, mas conosco está o poderoso braço do Senhor, vencedor invicto. (2 Crônicas 32.8) Não devemos nos valer de nossa posição de filhos para nos envaidecer, mas sim para vencer nosso adversário! Precisamos sempre nos lembrar de que é por causa de Jesus, e em Jesus que podemos vencer o mal. Precisamos ter uma vida de intimidade com Deus, para recebermos d’Ele este poder. Lembre-se dos sete filhos de Ceva, que quiseram expulsar demônios, mas acabaram sendo dominados por eles. (Atos 19.14) É só com Jesus, e por Ele que venceremos o Inimigo!

 

 

 

O DIABO

 

 

O Diabo é o nosso adversário. Uma criatura feita por Deus. Possivelmente um querubim (Ezequiel 28.14), um anjo que tinha tudo, mas, por pretensão, quis ter ainda mais e foi lançado por terra, tornando-se assim o inimigo de nossas almas. (Apocalipse 12.9) Satanás é hoje um anjo caído, eternamente condenado e sem condições de arrependimento ou perdão; chefia legiões de anjos caídos, cujo alvo é sempre matar, roubar e destruir as pessoas e a criação de Deus. (João 10.10) Precisamos entender quem ele é, pois se não conhecermos seu poder, podemos nos arriscar demais, e à toa, não levando em conta algumas orientações que a Palavra nos dá para quando nos dirigirmos a ele, ou então, podemos engrandecê-lo demais, e acabar atemorizando a nós mesmos, esquecendo-nos de que Ele é um ser totalmente submisso ao Senhor, e que se submete à autoridade dada a nós, quando protegidos e lavados pelo sangue de Jesus.

 

Sendo assim, das convicções a respeito dele, saliento:

 

 

1) Ele quer nos destruir! O apóstolo Pedro diz que o Inimigo anda em volta de pessoas como eu e você, tentando encontrar uma brecha para nos tocar e destruir. (1 Pedro 5.8) Como Satanás já está condenado, e não tem nenhuma possibilidade de reverter este juízo, quer acabar com todos os demais seres que tem o privilégio da salvação durante suas vidas (em tempo oportuno! – Isaías 55.6). Nosso inimigo é um acusador (Apocalipse 12.10), adversário que quer nos afastar de Deus e evitar que obtenhamos perdão por nossos pecados. Seu desejo é roubar, matar e destruir! (João 10.10) Com ele não há acordo nem parceria. Ele quer simplesmente o nosso mal, nossa derrota, nossa falência e nossa vida mortal e eterna distantes de Deus! Deseja o mal para todas as áreas da nossa vida. Nele não há sequer uma sombra de amor, paz, mas somente desgraça e sentimentos deturpados e malditos. Ele não quer que Deus nos ouça, e se valerá de seu exército maligno para impedir nossa vitória. (Daniel 12.13) Seja qual for nossa oração, se ela visa engrandecer o nome do Senhor, ele tentará impedi-la.

 

2) Ele tem um grande poder! Limitado, mas tem. Ele provavelmente é um ex-querubim! Algumas pessoas engrandecem demais ao Diabo, e têm uma atração quase mórbida por conhecê-lo e descobrir seus atributos. Inclusive, parece que muitos têm mais interesse em conhecê-lo do que em conhecer ao Senhor! (Jeremias 9.24) Infelizmente, preciso afirmar, sim, que o Diabo é um ser muito poderoso, esperto, inteligente. Muitos dizem de púlpito que o Diabo é fraco e medíocre, mas precisamos discordar disso, pois não é o que a Bíblia nos ensina. Se considerarmos alguns versículos de Ezequiel 28 como sendo uma referência à Satanás, poderemos depreender que ele era um querubim, o que representa um alto escalão dos seres angelicais. Não posso crer que um dos seres mais poderosos criados por Deus seja fraco. Se a Palavra já diz que nós somos inferiores aos anjos (Hebreus 2.7), quanto mais com relação a um querubim. A própria Bíblia nos fala a respeito da astúcia do Diabo em nos enganar! (Gênesis 3.1; Efésios 6.11) Nos dois primeiros capítulos de Jó, temos uma mostra de seu poder. Em compensação, vemos em Êxodo 8.18 que seu exibicionismo é restrito. De qualquer forma, Satanás pode ser fraco com relação a Deus, mas se levado nesse sentido, quem deve chamá-lo de fraco é o próprio Deus, não nós!

 

3) Seu poder é limitado! Satanás é detentor de uma grande força, mas, como pincelado acima, seus poderes são limitados, afinal, ele é apenas uma criação do Senhor. Vamos nos valer dos primeiros capítulos de Jó para conhecermos seus limites. Ao contrário de Deus, Satanás não é onipotente. Ele não pode ter ou fazer todas as coisas (Êxodo 8.18), e dentre as coisas que pode, depende do consentimento do Senhor para exercê-las. (Jó 2.6) Conforme diversos versículos bíblicos, Satanás também não é onisciente ou onipresente (Jó 2.5; Apocalipse 20.3).

 

O que mais precisamos ter em mente é que o Diabo depende da autorização de Deus para nos tocar. Quando temos uma brecha em nossa vida, o Diabo recebe legalidade para nos prejudicar (Deuteronômio 28.15), mas quando estamos cobertos pelo sangue do Cordeiro, o Diabo não pode nos tocar. (1 João 5.18) Todavia, mesmo quando pecamos, os ataques de Satanás a nossa vida são restritos àqueles que o Senhor o permitir fazer.

 

4) Ele é astuto, e conhece nossas fraquezas. Dizem que o Diabo é “burro”, ignorante. Costumo dizer que se ele é burro, eu não sei em que categoria de inteligência me encaixo, afinal, já pequei N² vezes por culpa de suas artimanhas. Novamente recorro ao fato de ele ser uma grande criação divina. Ele errou, e continua errando, mas não posso dizer que ele é ignorante, desprovido de inteligência. Muitas pessoas inteligentes erraram por orgulho ou ganância, como ele. Em alguns casos, podemos dizer que não são sábias, mas inteligentes, podem ser sim. A própria Palavra nos diz que ele é astuto (Efésios 6.11; 2 Coríntios 11.3), ou seja, ele é “esperto”. Satanás tem milhares de anos de experiência e vivência, e certamente sabe bem as fraquezas do homem em geral, e as fraquezas de cada ser humano individualmente, pois por meio de seus súditos, acompanha nossos atos e pecados desde que nascemos, tendo um grande conhecimento acerca de nossos pontos fracos.

 

5) Não devemos afrontar o Diabo! A Palavra nos diz que já vencemos o maligno (1 João 2.13), e que Cristo nos deu poder para pisar o inimigo (Lucas 10.19), mas não devemos nos valer desse benefício a nosso bel prazer. A Bíblia nos aconselha a não insultarmos o Diabo, ao contrário do que muitos crentes levianos e inconseqüentes têm feito. (1 Pedro 2.10, 11) Fico pensando se estes “pregadores” teriam coragem de xingá-lo face a face, sem Deus ao lado! Obviamente que não, pois nem mesmo o grande arcanjo Miguel ousou fazê-lo, por respeito à ordem divina. (Judas 1.9) A Bíblia nos orienta a não insultarmos o Diabo, mas sempre lutar com sabedoria, usando o nome de Jesus, com o intuito de vencê-lo, e não de humilhá-lo levianamente.

 

(Para um estudo mais aprofundado sobre Satanás, leia o artigo “Sobre Satanás”, disponível aqui em meu site.)

 

 

 

DEUS

 

 

Chegamos à parte mais agradável: Falar sobre o Senhor. Justificando a necessidade de conhecermos ao Senhor, posso dizer que devemos saber quem Ele é, primeiro porque somos d’Ele. Segundo porque é maravilhoso ter em mente a grandeza da pessoa com quem estamos nos relacionando. Quando oramos nos lembrando de quem é o nosso Deus, nossa fé aumenta, nosso medo se esvai, nossa força retorna e podemos visualizar que nada será impossível para Ele. Precisamos ao mesmo tempo nos lembrar de que Ele é um Pai de Amor e um Soberano Juiz e Vingador. Familiaridade e respeito devem compor nossas preces. Um substantivo não exclui o outro, devendo sempre haver moderação entre ambas as posturas de filho e de servo.

 

 

É tão bom servir um Pai Justo e amoroso! Como homem nenhum pode descrever ou expressar a grandeza do Senhor (Neemias 9.5), me aventurarei a comentar alguns de Seus atributos, trazendo à memória o seguinte:

 

 

1) Deus é O Deus! Ele é o Todo Poderoso criador do Universo. (Gênesis 17.1) Seu poder é ilimitado (Gênesis 18.14). Ele é o único Deus verdadeiro e vivo. (Isaías 45.5) Não se trata de um deus, mas do Deus. Há muitos deuses falsos, esculturas, mas o único ser verdadeiramente divino é Ele. Um ser transcendente, “inatingível”, incomparável em força, poder, sabedoria e inúmeros outros atributos. Soberania, amor, onipotência, onipresença, onisciência e misericórdia habitam n’Ele, numa inescrutável, ininteligível, inextricável e inexplicável coexistência. Nada chega a Seus pés, a níveis comparativos. Sua pessoa e Seus atributos sobressaem qualquer tentativa de expressão a seu respeito. (Neemias 9.5) Léxico algum, antropomorfismo ou antropopatismo algum poderão nos explicar satisfatoriamente aquilo que Ele é. Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. (Apocalipse 19.16) Aquele cujos atributos devem ser escritos com letra maiúscula!

 

Ele é Amor, Poder, Justiça, um ser inigualável, imanente e transcendente, que mede o universo com a palma de Suas mãos. (Isaías 40.12) Infinito, Eterno, Triúno. A força mais devastadora do universo. Todas as coisas derivam d’Ele, por Ele e para Ele. (Romanos 11.36) Como disse o poeta Epimênides, “nele vivemos, nos movemos e existimos”. (Atos 17.28) Ele move o universo. Sem Ele a humanidade não existiria, os seres celestiais não existiriam, o universo... Nada! É o ser mais inteligente, intrigante, misterioso e imensurável que há! O Mestre da sabedoria, o Pai da razão, da lógica, do sentimento. É o próprio Amor, a perfeição. Ele é O Deus!

 

2) Ele tem Domínio sobre todas as coisas! Como Senhor Absoluto, Deus controla todas as coisas. O bem, o mal, o clima, as situações, os obstáculos, as conquistas, o homem, os anjos, o Diabo, os demônios, as estrelas, a Terra, o Universo. Tudo está debaixo do Seu controle absoluto. (Jó 42.2) Nada há que fuja de Seu conhecimento. (Provérbios 15.3) Tudo o que acontece em nossa vida passou pelo filtro de Sua vontade. Coisas ruins, coisas boas. Coisas decorrentes de nossos erros ou acertos. Seja o que for, Ele já sabe. Sabe o que temos, o que precisamos, o que queremos. Sabe nossas virtudes, fraquezas, acertos, erros, tudo! Ele sabe, e tem poder para controlar, alterar, substituir, transformar o que quer que seja. (Salmos 115.3)

 

3) Para Ele, nada é impossível! Deus é Senhor sobre todas as coisas, e para Ele, tudo é igualmente simples e fácil. Para nós, há uma preocupação quando ouvimos uma palavra como depressão ou câncer, mas para Deus, nada é “... mais difícil que...”, mas tudo é “... tão fácil quanto...”. (Lucas 1.37) Para Ele, destruir uma formiga ou o Diabo é igualmente irrisório. Extinguir uma AIDS ou uma dor de dente é exatamente fácil. Para Ele, nada é impossível, e isso deve nos trazer muita alegria!

 

4) Ninguém pode Pará-lO! Sendo Deus, e tendo domínio sobre todas as coisas, nada há que possa impedir Seu agir, ou Seus planos e projetos. (Isaías 43.13) Se o inimigo se opuser, será debalde, pois nada pode Pará-lO, e os inimigos do Senhor podem apenas lamentar, quando vêem que Deus estendeu Sua mão de poder. Como disse o salmista Davi, quando Deus se levanta de Seu trono, o inimigo já se desvanece como fumaça! (Salmos 68.2)

 

Deus faz o que quer, como e quando quer. Em algumas passagens, lemos que o inimigo atrasou o recebimento de uma bênção (Daniel 10.13), mas até essa “demora” foi prevista por Deus, com Seus propósitos superiores. (Isaías 55.9) Nada pode impedir Seu agir nem conter Seu poder. Muitas vezes Ele prova nossa perseverança e persistência antes de liberar de vez nossa benção, mas quando Ele quer, acontece e pronto! Ninguém pode parar, atrasar ou impedir Seu agir! (Jó 42.2) Todo ser vivo pode apenas visualizar, quando possível, a manifestação da vontade de Deus. O braço do Senhor contra alguém poderia causar um extermínio universal! Apenas um golpe poderia eliminar toda a raça humana, angelical e universal, restando apenas a Trindade para encher os céus! (Se bem que nem mesmo o céu poderia contê-los, tamanha sua grandiosidade – 2 Crônicas 6.18) Para nós, há muralhas intransponíveis, mas para Ele, toda luta é pequena.

 

5) Ele é nosso Pai e nos Ama - Embora tão poderoso e soberano, Deus escolheu nos criar, amar, readquirir por um alto preço: A vida de Seu filho! (João 3.16) Entretanto, como Deus sempre teve a chave da Vida e da Morte, a morte não pôde detê-lO. (1 Coríntios 15.55) O Senhor escolheu ser nosso Pai, e como tal, deu-nos o privilégio de sermos chamados Filhos de Deus. (1 João 3.1) Como Pai amoroso, escolheu nos perdoar, nos justificar, proteger e ensinar. Tamanha grandeza não resultou num ser impessoal, mas num Ser que ama com a maior intensidade possível, afinal, a essência do amor é Ele próprio. (1 João 4.16) Digamos que Seu amor por nós esteja sempre no ápice.

 

Como Pai, Ele se importa conosco, e quer o nosso bem, porém, o que para nós parece ser bom pode não ser de fato bom, ou o melhor para nós, ao passo que o que Ele sabe ser bom certamente é o bom, agradável e perfeito para nós. (Romanos 12.2) Tendo um Deus tão amável a nos guiar, podemos crer que todas as coisas sempre cooperarão para o nosso bem. (Romanos 8.28) Ou melhor, para aqueles que cumprem Sua Palavra, afinal, esta é a maior demonstração e condicional do verdadeiro amor a Ele. (João 14.23) Tudo (mas tudo mesmo!) o que acontecer será bom para nós. Muitas vezes para nós, que temos uma visão limitada, é difícil visualizar o benefício de determinadas circunstâncias, mas para Ele, que apesar de habitar com o quebrantado e contrito de coração, habita nas alturas (Isaías 57.15), e vê o presente, o passado e o futuro como um só momento, é sempre fácil compreender os próprios planos. Aprecio a máxima do escritor Malba Tahan, que afirma que “o mal é um bem que não se conhece”. Talvez isso não seja válido para todos, mas para aqueles que amam a Deus, e esperam n’Ele, é um princípio sempre verdadeiro! Tudo o que Deus fez, faz e fará será pensando em nosso próprio bem. Tudo... Sempre!

 

6) Ele tem Prazer em nos Abençoar! Esse Deus a quem nos dirigimos é um Deus que nos ouve e atende nossas orações. (Provérbios 15.29) A Palavra nos diz que quando oramos, o Grande Rei se levanta do Seu trono e se inclina para nós. (Salmos 116.2) Quando oramos com uma ou mais pessoas, Ele vem até onde estamos para que possamos melhor senti-lO. (Mateus 18.20) Ele tem grande prazer em escutar nossa voz, e talvez um prazer ainda maior em nos responder. Lembre-se que com Deus na mesma causa, nunca há fracassos ou derrotas, a não ser que haja uma desistência da nossa parte!

 

 

 

Estas são algumas constatações que, se lembradas, certamente nos farão ter uma disposição mais correta diante de Deus, uma postura mais ousada e firme diante de nosso inimigo, e uma maior confiança naquele que pode nos responder e suprir todas as nossas necessidades em glória, por Cristo Jesus. (Filipenses 4.19) Creio que nossas orações serão respondidas, pois Ele nos ama e quer o nosso bem mais do que nós mesmos! Ele tem prazer em ouvir nossas orações, e anseia nos responder, mais do que nós ansiamos ouvir Suas respostas. Ele tem mais vontade de nos abençoar do que nós, de sermos abençoados, e isso tudo, não porque Ele é inferior, mas porque Seu amor é superior. Ele é extremamente sábio, e conhece nosso futuro, sabendo o que nos é melhor, e como e quando é melhor. Podemos confiar nele, sabendo que o Senhor não rejeita a oração dos que se aproximam do Seu trono de Graça com humildade e confiança. (Salmos 51.17)

 

(Para um estudo mais completo sobre a eficácia da oração, leia o artigo “A Oração Eficaz”, disponível aqui em meu site.)

 

 

 

É isso. Estas são algumas informações que quis compartilhar com vocês, amigos leitores, e espero que o ajudem em sua vida de oração. É óbvio que você não irá dizer:

 

- Puxa, Duda! Quer dizer que eu preciso decorar tudo isso antes de orar?

 

 

Não, não. Não precisa decorar tudo isso. Basta saber tudo isso!

 

 

 

Eduardo Feldberg

www.eduardofeldberg.com.br

bottom of page